Aposentado que continua trabalhando deve pagar INSS? |
Essa é uma dúvida que pode surgir quando a época da aposentadoria se aproxima e o trabalhador que pretende continuar exercendo a profissão, seja por questão de tentar manter o padrão de vida encarecido pelos planos de saúde, remédios e outras necessidades, seja para evitar solidão repentina, começa a fazer cálculos sobre o incremento na renda. Ou então por aqueles que sentem na pele, ou melhor, no bolso o teor da resposta e se perguntam se a prática é amparada pela lei.
Aposentado que trabalha é obrigado a continuar pagando o INSS?
A resposta
Sim. O aposentado que decide
continuar trabalhando ou voltar a trabalhar com carteira assinada é obrigado a continuar contribuindo com a
seguridade social.
E tal norma é prevista em lei,
especificamente: Lei nº 9.032/95 que implementou o 4º parágrafo do
artigo 12 da Lei nº 8.212/91.
É justo?
A questão da justiça dessa legislação
que obriga que o aposentado que trabalha continue a pagar o INSS ganhou
discussões ainda mais acaloradas com recente decisão do STF a respeito de tema relacionado
ao assunto.
Até o ano passado, o que arrefecia um
pouco os ânimos em torno do debate dessa pauta era a possibilidade de se fazer
a desaposentação e utilizar o recolhimento obrigatório a Previdência para
promover reajustes no valor da aposentadoria.
De forma mais simplificada: a
desaposentação significava o ato de voltar a trabalhar para continuar a
contribuir com o INSS para se aposentar posteriormente com um benefício maior,
em razão do acúmulo gerado pelos novos subsídios.
Portanto, como existia a
possibilidade de se reaproveitar o gasto com os novos recolhimentos em
acréscimos posteriores a renda mensal, havia o entendimento de que o
desequilíbrio do sistema não era tão desmedido.
No entanto, em fevereiro de 2017, o
Supremo Tribunal Federal (STF) barrou o benefício da desaposentação
desautorizando a prática para reajustar o valor da aposentadoria com os
rendimentos das contribuições do retorno ao trabalho.
Se por um lado os analistas tiveram
entendimento que a decisão foi acertada pelo aspecto de impedir um gasto
adicional de R$ 7,7 bilhões aos cofres públicos que se mantêm em sérias
dificuldades com a economia cambaleante, por outro, juristas e representantes
da categoria dos aposentados avaliaram que a decisão escancara um desequilíbrio
injusto, onde o aposentado que volta a
trabalhar continua pagando o INSS, mas não poderá jamais usufruir desses
novos gastos.
Não há nada que se possa fazer?
Se tem a compreensão que continuar a pagar o INSS mesmo depois de aposentado
é injusto, há possibilidades jurídicas para tentar anular essa obrigação. Há
precedentes de ações judiciais favoráveis ao veto da contribuição de
aposentados, porém não têm repercussão automática para todos os processos que
abrangem o tema e foram ganhos de primeira estância, ou seja, o INSS pode
recorrer.
Outra alternativa
No final de 2017, após o veto a
desaposentação, entrou em cena nos tribunais um novo recurso que pode servir de
alternativa para os aposentados que voltaram a trabalhar e pagam o INSS.
Trata-se da reaposentação.
Com esse recurso, o contribuinte
abdica da atual aposentadoria, incluindo tempo de contribuição e salário, para
dar entrada em um novo pedido de aposentadoria que compreenda o período de
trabalho após a entrada para o recebimento do primeiro benefício.
Para ter direito a reaposentação é
necessário que homens tenham mais de 65 anos e mulheres mais de 60 e que tenham
ao menos 15 anos de contribuição após a aposentadoria anterior.
Os que se enquadram na regra 85/95
podem conseguir aposentar-se com o teto do benefício, que atualmente é de R$ 5.645,80.
A regra 85/95 é a soma da idade do
trabalhador (a) com o tempo de serviço. Se o total superar 85, no caso das
mulheres, ou 95, no caso dos homens, a regra pode ser aplicada.
E o aposentado autônomo?
No caso dos trabalhadores autônomos,
para se aposentar é preciso contribuir ao Instituto Nacional de Seguridade
Social (INSS), assim como os trabalhadores registrados em carteira.
Mas ao se aposentar e continuar
trabalhando, também precisa continuar a pagar o INSS?
Não.
Por ser um contribuinte individual e
caber ao próprio fazer o recolhimento que lhe convém para as contribuições
previdenciárias, o trabalhador pode cessar o pagamento ao se aposentar e
continuar com suas atividades sem sofrer prejuízos ao seu benefício.
Conclusão
O aposentado que trabalha é obrigado a pagar o INSS de acordo com
legislação vigente. Há precedentes jurídicos que vetam a obrigatoriedade da
contribuição, porém não têm repercussão automática e cabe a cada aposentado que
se sentir prejudicado entrar com uma ação judicial, caso entenda ser
necessário. Outra alternativa seria optar pela reaposentação. Aposentados
autônomos não são obrigados a contribuir para a Previdência.
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